📖 Capítulo 2 – Sete Pegadas no Caminho
Uma nova página se revelava, com traços de tinta que pareciam ter sido desenhados às pressas, como se o explorador estivesse cheio de emoção:
"Dia 1 – Encontrei uma pegada luminosa no meio da floresta. Parecia brilhar mesmo sem sol. Segui-a. Algo me dizia que era o começo de tudo."
Lívia arregalou os olhos. A página seguinte trazia um mapa desenhado à mão com sete pegadas, cada uma com um símbolo. Ela continuou a leitura, mergulhando na primeira viagem registrada no diário.
Relato do explorador:
"A floresta estava silenciosa, mas algo pulsava no ar. Logo percebi a primeira pegada. Ela brilhava no chão úmido, como se fosse feita de luz líquida. Era estranha… mas bela.
Caminhei atrás dela, e encontrei uma segunda marca, perto de um rio que espelhava o céu. As águas dançavam e o céu parecia tocar a terra.
Em seguida, topei com uma terceira pegada, onde plantas cresciam no meio das pedras, flores coloridas, folhas como braços estendidos. Era como se a natureza tivesse brotado ali só para me receber."
Lívia sussurrou, encantada:
— É como os dias da Criação… Luz, céu, terra, plantas...
Ela continuou lendo.
"Na quarta pegada, caminhei até à noite para chegar. O céu escureceu, estrelas e a grande Lua surgiram como lanternas no alto. A Constelação de Órion parecia me guiar.
A quinta pegada apareceu ao amanhecer. Um bando de pássaros voou baixo, circulando minha cabeça. Ao lado de um lago, peixes saltavam como se me dessem boas-vindas.
A sexta pegada era cercada de pegadas maiores, veados, lobos, raposas. Mais adiante, encontrei uma cabana feita de pedra e madeira. Um homem de barba longa me observava de longe, sentado numa cadeira de palha."
Lívia virou a página rapidamente.
“Sr. Elion”, dizia o título da nova parte do diário.
"Ele se chamava Sr. Elion. Disse que vivia ali há muitos anos. E contou que organizava sua vida seguindo sete etapas, como um segredo ancestral passado por seus antepassados.
‘Veja este pergaminho’, disse ele, mostrando um velho papel. Nele, sete símbolos estavam desenhados: luz, nuvem, folha, sol, ave, homem e uma cadeira vazia.
‘Essa é a ordem de tudo. Foi assim que o mundo começou. Tudo teve seu tempo. Tudo teve seu lugar. No sétimo… descansamos. Não por cansaço, mas para lembrar quem fez tudo isso.’
Sentamos juntos sob uma árvore e ficamos em silêncio por alguns minutos, pois cada um lia uma parte do pergaminho. Foi o descanso mais feliz e tranquilo da minha vida.”
Lívia respirou fundo. Sentia como se tivesse viajado junto.
Ela fechou o diário por um instante, olhou ao redor do acampamento e sussurrou:
— Deus criou o mundo com tanto cuidado… até o tempo de descansar Ele preparou.
O vento soprou leve e balançou as folhas. Parecia dizer “muito bem, Detetive”.
Na parte inferior da página, o explorador havia deixado uma última frase:
"Não fui o primeiro a andar por esse caminho. Mas agora sei quem andou por ele primeiro.”
Lívia sorriu. Sabia que essa era apenas a primeira de muitas revelações.
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